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A importância da aplicação de terapia farmacológica pré e pós-operatória em cirurgias implantodôntic

Introdução

A prescrição pré e pós-operatória nas cirurgias odontológicas é uma prática que, apesar de difundida no meio acadêmico e de pós-graduação, ainda apresenta lapsos e falhas na metodologia de aplicação. Segundo Esposito e colab. (2003), o índice de implantes perdidos sobe consideravelmente (37%) quando não se ministra antibioticoterapia e antiinflamatórios (esteroides ou não hormonais dependendo da injúria causada no trans operatório) durante o tratamento, além de elevar naturalmente, o risco de infecções locais e generalizadas ao paciente além de edemas e dor que acabam por trazer insegurança e consequente agudização dos processos acima citados até por fatores somáticos.

Torna-se cada vez mais necessário o conhecimento e a individualização dos nossos pacientes no que tange a sua fisiologia e suas necessidades para podermos individualizar nossas prescrições de forma a obter um sucesso mais abrangente e seguro para mantermos a sanidade tanto das pessoas que nos procuram para receber tratamento odontológico como para nossa própria profissão.

É fato sabido que a medicina avança cada vez mais e um dos principais objetivos deste avanço é o aumento da sobrevida das pessoas com qualidade de vida. Somando-se a este fator, temos uma época em que o estresse tornou se a maior causa do desenvolvimento de diversas doenças que atingem e afligem a população em geral. Do diabetes às doenças autoimunes, do câncer às doenças psiquiátricas, hoje, somando-se a senilidade aos fatores estressantes, temos uma mistura perigosa que levou a medicina a não mais considerar sanidade como um ponto, ou seja, um indivíduo são é um indivíduo livre de quaisquer distúrbios nos diversos sistemas orgânicos. Hoje, sanidade, é considerada uma faixa em que se incluem todas as pessoas portadoras de males que estão compensados, seja por uso de medicação ou de outras terapias. O que importa é que aquela pessoa apresente valores considerados normais nos diversos exames complementares a disposição da medicina. Isso aumenta ainda mais nossa responsabilidade, pois um fármaco mal administrado por falha de conhecimento, falha no diagnóstico através de exames complementares (exames laboratoriais ou radiográficos) ou ainda falha de informação e de comunicação correta com o paciente, pode levar o mesmo a ter reagudização do processo, deixar sequelas e até, em casos mais drásticos, o óbito.

Para a Implantodontia, aonde queremos apenas manter a sanidade do paciente, pois ele deve estar o mais próximo possível da faixa de sanidade para receber a terapêutica implantodôntica, nossas prescrições são obrigatórias, porém profiláticas, o que significa dizer que tanto em posologia como em tempo de ministração, estas devem ser mais econômicas. Vamos passar a descrever breves protocolos para ministrar em pessoas com alguns distúrbios orgânicos comuns, mas que não contraindicam cirurgias para colocação de implantes.

PROTOCOLO I

CIRURGIA EM PACIENTE SADIO OU PORTADOR DE DISTÚRBIO HEPÁTICO PARA COLOCAÇÃO DE IMPLANTES SIMPLES

Para estes pacientes, no que tange a antibioticoterapia, devemos indicar as penicilinas como, por exemplo, a amoxicilina (Amoxil – nome comercial) que é eliminada pelos rins e preserva o fígado de toxicidades advindas da biotransformação deste produto que podem ser maléficas ao paciente. No caso dos antiinflamatórios, por ser uma cirurgia menos traumática, os AINES (antiinflamatorios não esteroidais) seriam os indicados. Porém, dependendo do nível de injúria ou trauma imposto no trans operatório, muitas vezes o anti-inflamatório adquire um caráter secundário, sendo plausível apenas o uso de analgésicos, pois, se a cirurgia foi pouco traumática, apenas a inflamação aguda se instalará o famoso “calor e rubor” produzido, não só não afetará o progresso da osseointegração como irá ajudar visto que estas manifestações da inflamação aguda são benéficas, pois o calor e rubor presentes significam que o organismo está tratando de aumentar a microcirculação arterial na área aonde foi efetivada a cirurgia, aumentando assim o aporte de oxigênio, tão importante na movimentação celular e na diferenciação de células tronco em osteoblastos através do ATP formado e assim dar o início do processo de osseointegração.

O problema, segundo Alsaadi e colabs (2008) é desencadeado quando a inflamação cronifica e então a dor e principalmente o edema se instala. Dor, de acordo com Paquette e colabs (2006), controlamos com analgésicos, o problema real ocorre com o edema que, pelo derramamento de líquido nos tecidos ao redor dos implantes, acaba por comprimir osso e tecido mole, estimulando osteoclastos e a consequente reabsorção óssea e perda precoce dos implantes. Portanto, em alguns casos, em que nosso bom senso nos indica, somos instados a prescrever os antiinflamatórios não esteroides.

Passamos, desta forma, a fazer a seguinte prescrição para pacientes com quadro clínico e planejamentos acima descritos:

Uso Interno

- Amoxicilina 500mg ---------------------------------------- 1 cx

Tomar 4 cpdos 1 h. antes da cirurgia

- Paracetamol 750 mg ---------------------------------------1 cx

- Tomar 1 cpdo de 6/6 hs enquanto houver dor

- Celebra 200mg ---------------------------------------------1 cx

Tomar 1 cps de 12/12 hs por 5 dias

Para cirurgias com o mesmo perfil, mas com pacientes idosos ou senis, uma cobertura antibiótica mais efetiva se faz necessário. Para estes casos, podemos pensar em substituir a amoxicilina por uma cefalosporina de 2ª. geração como a Cefuroxima (Zinnat - nome comercial). Poderemos ministrar da seguinte maneira:

Cefuroxima 500mg--------------------------------------------------1cx

Tomar 1 cpdo de 12/12 hs por 5 dias. Iniciar na véspera da cirurgia.

Não nos esqueçamos de que as receitas de antibióticos devem ser duplas, com cabeçalho e identificação do usuário (paciente).

PROTOCOLO I I

CIRURGIA EM PACIENTE SADIO OU PORTADOR DE DISTÚRBIO RENAL E ALÉRGICO A PENICILINA PARA COLOCAÇÃO DE IMPLANTES SIMPLES

Para pacientes alérgicos a penicilina e portadores de distúrbios renais, o melhor substituto no caso dos antibióticos são os Macrolídeos e o produto mais conhecido e indicado é a Azitromicina (Zitromax – nome comercial). No caso de uso de antiinflamatórios, o mais indicado para portadores de doença renal é a Nimezulida (Nisulid – nome comercial). Quanto ao analgésico, podemos continuar a prescrever o Paracetamol.

Para idosos ou senis, podemos tratar com a mesma Azitromicina, aumentando um pouco mais a carga (de 24/24 hs para 12/12 hs durante 5 dias).

Uso Interno

- Azitromicina 500mg ---------------------------------------- 1 cx

Tomar 1 cpdo de 24/24 hs por 3 dias. Iniciar na véspera da cirurgia

- Paracetamol 750 mg ---------------------------------------1 cx

Tomar 1 cpdo de 6/6 hs enquanto houver dor

- Nimesulida 100mg ---------------------------------------------1 cx

Tomar 1 cps de 8/8 hs por 5 dias

(no próximo post trataremos do PROTOCOLO III, CONCLUSÃO e REFERÊNCIAS.

Não deixe de ler!)

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